quarta-feira, 15 de julho de 2015

Menos bravatas e mais ação

Diante de tantas idas e vindas, por empréstimo, mesmo sem o consentimento do autor, valho-me de Mário Quintana para justificar o retorno ao mister sacerdotal do jornalista, desta feita no presente espaço, simplesmente porque, segundo o insubstituível escritor, “o tempo é apenas um ponto de vista”. Na volta, trago para o centro do debate a urgente questão da segurança pública ou, simplesmente, a falta dela.
Sem perder de vista a complexidade de um problema muito mais social do que qualquer outra coisa, contudo, a julgar pelos últimos episódios, cada vez mais cresce a certeza de que estamos chegando a um estágio extremamente preocupante numa escalada de violência imensurável, com vítimas de todos os lados e pior, sem qualquer perspectiva de saída.
O cenário é ainda mais preocupante, porque as autoridades que deveriam responder pelo assunto sequer reconhecem as próprias dificuldades, o que é muito grave, considerando que cabe ao poder público o dever de garantir a segurança da população, conforme artigo 144, caput, da Constituição Federal. Aliás, em consonância com o artigo 5º do mesmo diploma constitucional, a segurança pública é considerada como direito fundamental assegurada aos brasileiros (natos ou naturalizados) e estrangeiros residentes do país.
Sem embarcar na simplória discussão de que tudo o que temos acompanhado aqui e no resto do país será resolvido apenas com policia nas ruas, no que diz respeito ao drama diário de homens e mulheres de bem de uma terra ávida por respostas concretas daqueles que a governam, o fato é que nossas autoridades não conseguem combater o problema e tampouco estancá-lo.
Sem quaisquer respostas para atacar a chaga beligerante do crime no “curto prazo”, o atual governo ainda comete o impropério de agravar o que já é calamitoso, pelo menos foi o que apresentou dados recentes do IDEB que apontou uma involução de quase dez anos em muitos dos principais indicadores da educação paraibana, pondo em xeque qualquer esperança de reversão futura desse vergonhoso cenário, ratificando a velha máxima de que nem tudo é tão ruim que não possa piorar.
A terra que sempre foi reconhecida pela retumbante tranqüilidade, cujo status chegou a inspirar slogan de governo, lamentavelmente passou a conviver com chaga alarmante da violência, cujos índices colocam a capital de sol e mar em terra de lágrimas e sangue, mesmo com todo esforço em contrário do atual governo estadual, que todo dia e o dia todo ocupa generosos espaços midiáticos na vã tentativa de justificar o injustificável, enquanto muito pouco ou nada é feito para frear essa abominável carnificina que tem ceifado vidas e mais vidas dessa terra de meu Deus.
A verdade é que o paraibano está aterrorizado com tanta violência e o aparelho estatal mostra-se cada vez mais inapetente na luta contra a bandidagem e suas artimanhas. É preciso que o governador Ricardo Coutinho dê um tempo nas costumeiras bravatas, reconheça que sua política de segurança fracassou, deixe de terceirizar responsabilidades e assuma o papel que lhe é devido, porque, diria Abraham Lincoln, “você não consegue escapar da responsabilidade de amanhã esquivando-se dela hoje”.

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