segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Que tal nos indignarmos com os reais problemas da sociedade?

Aqui e acolá tenho lido e escutado opiniões acerca de uma das iniciativas da igreja Cidade Viva, comunidade que tenho frequentado há alguns meses, juntamente com a minha esposa, e que no sábado pretérito, dia 09, através de seus membros, promoveu uma queima de fogos, denominada Céus de João Pessoa, para celebrar a dádiva do amor cristão, dentro de programação do Godstock, que ocorre pelo quarto ano consecutivo na capital. 

Diante de tantos pensamentos divergentes, exercitando o jus natural direito de expressão, como frequentador assíduo e espectador privilegiado de todo um conjunto de ações da referida comunidade, começo pedindo desculpas aos que se sentiram perturbados por tal iniciativa. Aos que criticaram, o respeito próprio de quem compreende que a liberdade é o fermento da democracia, embora entenda que a manifestação foi deveras justa, considerando o desiderato a que se propôs, e sublimemente legal conforme o ordenamento vigente de um país que não faz qualquer vedação sobre a queima de fogos.

Nesse diapasão, imperioso se faz observar que a mesma forma de comemoração utilizada pela comunidade Cidade Viva no sábado último, também é recorrente em eventos como pré e carnavalescos, bem como em festejos juninos dos santos Antônio, São João, São Pedro e São José, além daqueles ocasiões como a conquista de campeonato por algum time de futebol, isso sem esquecer das campanhas eleitorais, etc. 

Contudo, a despeito desse debate que já vai longe demais, não poderia deixar de retomar os escritos nesse espaço sem antes dirigir-me aos críticos de tom mais acre, que sequer recebem o pedido de desculpas de uma comunidade que há quase dez anos tem atuado fortemente em projetos na área de recuperação de dependentes químicos, na ressocialização de egressos do sistema prisional, na capacitação de jovens carentes, no apoio às crianças que vivem em abrigos, na ajuda aos moradores de rua, além de tantas outras. A esses cientifico que respeito é uma via de mão dupla e não uma viela de acesso restrito do transeunte de plantão. 

A crítica é bem vida desde que se permita respeitar quem pense diferente, pois, do contrário, estaremos a nos contradizer desde a essência do primeiro ato. Que possamos utilizar nossa indignação para questões mais cruciais e emergentes à nossa aldeia, como, por exemplo, a causa do bairro São José, aglomerado urbano esquecido pelas autoridades e por muita gente aqui, que só lembram que ali vivem seres humanos quando de épocas eleitorais, ou mesmo para vaticinar que sua gente é responsável pela insegurança de suas "gaiolas de luxo". 

Que tal nos indignarmos com o São José? Que tal nos indignarmos com outras comunidades não menos carentes que o São José?
Saibam que através de seus membros, a mesma comunidade religiosa criticada por alguns e achincalhada por outros em virtude de seus fogos, foi a mesma que percorreu todo o bairro São José, levando atenção e carinho para quem pouco ou nada tem, mapeando todo o bairro para iniciativas futuras. Que tal nos indignarmos com o São José? Que tal nos indignarmos com outras comunidades não menos carentes que o São José? Que tal nos indignarmos com as pessoas que não têm saúde, educação, moradia, dignidade humana? Que tal nos indignarmos com a violência e suas causas? 

Precisamos nos indignar sim, mas com questões muito maiores e urgentes, e que realmente contribuam para dias melhores para todos e não para alguns. Que cessemos os discursos, arrefeçamos os ânimos, relevemos e aceitemos o perdão de quem estende mão, e que conheçamos mais um pouco a quem quer verdadeiramente fazer algo importante para nossa sociedade. Isso vale para todos, qualquer que seja a denominação religiosa, até porque Deus é um só e isso é o que verdadeiramente interessa. 

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