segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Recado, tempo e história

O mapa político da Paraíba deve ganhar novos contornos com o resultado advindo das urnas no próximo dia 28, quando os eleitores das duas principais cidades do estado estarão sufragando o nome de seus prefeitos. É como se todos esperassem o desfecho de uma novela cujo roteiro ainda reserva muitas surpresas.

O que advirá das urnas dos dois maiores colégios eleitorais do estado poderá delinear um novo cenário político-eleitoral com vistas à sucessão de 2014. Desde logo, a julgar pelo que está posto, o governador Ricardo Coutinho (PSB) terá que mudar muita coisa em sua administração, a começar por si mesmo, caso realmente almeje reeleger-se.

A leitura das urnas, sobretudo em João Pessoa, traduz o recado mais explícito de que a população discorda frontalmente do jeito com que o governador vem conduzindo os destinos da Paraíba. Neste aspecto, não precisa ser proficiente para deduzir a fragorosa derrota do governador, tanto que dois adversários seus disputam o segundo turno da cidade que até então vinha sendo administrada por seu grupo político, este em fase de definhamento político, graças aos últimos episódios envolvendo o próprio Ricardo e o atual prefeito Agra.

Em vantagem e surfando com vento a favor, o deputado Luciano Cartaxo (PT) colhe os frutos que seriam certamente amealhados por outro Luciano, o Agra, caso estivesse na contenda política. Na outra ponta, o senador Cícero Lucena tenta remar contra a correnteza, impondo um ritmo mais favorável para si numa batalha difícil e bastante complicada, embora o próprio senador dê mostras de que possa reverter o jogo, mesmo com tantas adversidades.

Noutro plano, a Vila Nova da Rainha deve condecorar a dupla Romero/Ronaldo, em que pese todo esforço dos irmãos Vital. Com desempenho pessoal em alta, o prefeito Veneziano sabe mais do que ninguém que sua administração padece de certa exaustão junto a população, especialmente ao eleitorado mais esclarecido da cidade, também chamados de formadores de opinião, o que dificulta sobremaneira a candidatura de Tatiana. Acrescente-se ainda o prestígio inabalável da família Cunha Lima, capitaneada pelo senador Cássio, maior líder político da última década no estado.

Frise-se, por outro lado, que o pleito campinense também tem influência zero do governador, uma vez que o que está em jogo é o destino da cidade e não o governo, o qual só será decidido em 2014. Até lá Ricardo Coutinho continuará governando, e esse é o tempo que lhe resta para mudar os rumos de uma história, cujos primeiros capítulos começam a ser escritos desfavoravelmente desde agora, pelas mãos e pela força do povo, o mesmo que o colocou no poder em 2010 e que poderá apeá-lo em 2014.

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